quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Prazer poético


- metade do prazer da poesia eh entender o que o cara quis dizer, eu acho...
- é né
- a outra metade é se vc gostou ou nao do jeito que ele disse
e a terceira metade é se vc concorda, já que estamos falando de poesia

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

A travessa

O que mais quero da vida
É mudar as pessoas
O que fazem, como são...
Comigo creio, fui eu quem mais mudei
Como um sinal de trânsito
Verde, amarelo, vermelho...
Verde de novo, quando é madrugada
E ninguém atravessa,
Nem a travessa
Avenida de feriado alagada,
E nada à travessa.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Compreende

Não há coisa mais humana que o paradoxo:
Certeza do que não se pode estar certo.
A razão dobra joelhos ante o sofrimento.

e chora... chora... pedindo só um tiquinho do porquê
numa fissura abstinente... e chora... chora...

O outro ontológico, a fraternidade coordenada
De quem nasceu no mesmo contexto a, b, c
No mesmo país, bairro, planeta, escola. Encontram-se,
Alteram-se por dias, por anos, na casa, na rua,
nas férias, quando há um tempinho to hang out
Aceno que sim com a cabeça mais grisalha, com os olhos
certos daquilo guardado no que há de memórias, amigo.

não chora, não chora... compreende, não vê?

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Litoral

Se onda não é relevante,
ninguém segue.
Se o coco não é refrescante,
ninguém bebe.

É que todo ano elas tem dezoito
e querem coito...
e que ainda penso no amor, no mar
como aquele com quem hoje me estranho:
ancioso, levando fora de oito...

O que me era ruim bebi com rum
E não, não jogo buraco
na casa de praia.
Nem quando chove, que saco!

Religião

É muito linda essa dona florida
Ela é linda demais, um mito, uma estrela.
Uma bela cognição, uma flor...
Compreendida, coletiva cadela,
Universal, cultural donzela:
Solução da sede, arroto da gula,
Fonemas e letras, desenhos e estátuas, relicários e anéis.
Assimilação que inclui e agrega quem nunca chega,
Em detrimento do comum e do costume faz guerra,
Nos privilégios de quem oferta a miséria
E não recebe covardia ante este seu lindo brilho tenaz,
Há quem alerte já ancestral e cego do preço do quarto,
Do tabu de olhar p´r´o sol sem respeito,
mas já é tarde e a pena divina que ardeu sua retina não volta,
E a morte não fora vencida pela matéria
E a vida ali perdida em longa adoração...
Ela é linda que cega, e ainda junta as moedas!
Puta e cafetina dos povos, gostosa cabaça, imoral .
Provoca, promete e não entrega... não salva, prega.

sábado, 22 de outubro de 2011

Depêndulo

Depender do olhar alheio
pendurado ao seu juízo
viciado e sem freio
em desgaste e prejuízo
afinar sem referência
uma dinâmica frequência
à indelével, tácita distância
com um labirinto ébrio
de sonhos tóxicos, roubados.
o que você vê, com este silêncio dos seus olhos?
As coisas que queremos no fim,
nunca teremos no meio
e assim tanta gente que não é rica, nem feliz
e decide correr pra lugar nenhum.
eu só fico parado, observando, sentindo...
sentindo tudo e sentindo muito
tão difícil mesmo a sociedade
que se duvidamos uma vez e com razão,
já não existe verdade,
a referência se perde sem consenso
vira tudo mandarim em mim
e pra se achar, se colocar no mundo
nunca bastou um chapéu, uma barba
p'ra deixar claro os detalhes do que pende da intimidade
que é olhar para o outro no olho e se enxergar.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Planos e ângulos

MInguam
e o sentido escapa
de uma existência
que não se justifica
além de si
e as coisas prontas, disponíveis,
não cabem no meu número, ou encaixam
espiritualmente
a matéria não bastA MAIS
O QUE EU FAÇO
com tanta vida
que escorre na existência
insignificada em derrrrrame agudo
que escorrrrre na existência que expõem
a natureza duma responsabilidade
grossa que se parte grave
procurando algo que nunca será
nada além de, reticências partidas...

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Guerra

O que é uma guerra?
Simples e infantil te pergunto:
Por quê? Qual é o sentido?
O que vai te resolver sair tretando na vida?
De verdade... tá rolando,
parece que se aproxima como uma besta apocalíptica
daqueles mitos que precisam ser resgatados
pois as imagens estão muito distantes dos círculos
e sem referência cotidiana.
Precisa pensar no passado pra entender...
É coisa de filme dentro das sociedades...
pessoas brincando de bang-bang ao vivo,
correndo de carro e moto, na roleta russa...
e eu assistindo na minha própria preocupação cotidiana,
besta e metropolitana...
fazendo da vida exatamente o que hollywood
mostrou por décadas, por razões dramáticas.
Ou sou só eu preocupado com o noticiário, viajando na deles?
Tá do jeito que sempre foi, se olhar pro passado...

terça-feira, 19 de julho de 2011

Crânios

Nossos contingentes crânios vivos
Ali no travesseiro compartilhado
Pressionam nossa existência
à revelação de uma condição
pelos lábios, sonda adentro,
crânio com crânio, vivos!
Pernas trançadas até as cadeiras,
empuxos firmes pelos cabelos
A resfregar dente com carne,
com dente, com carne
num fio frio dilacerado à espinha
que convulsiona o resto todo misturado
num simples vetor, biológico e feliz.

Ontologia do Cachorro

Não é bem poesia canina
é mesmo uma estatística em clausura
Desconfiada demais
de como um cachorro sarnento
apanha suas coisas humanas...
suas pulgas e peçanhas
no mato da vida sem luz.
Suas partes e portas fechadas
e perspectivas rasteiras, chapadas
contra concebendo em cruzadas
o pavor das noites claras que caem
o giro das viaturas
a recolher nós vagabundos
e impedir-nos as matilhas
de traumatizados, terão mais sabão:
"cachorro lobo é melhor morto"
Tão humano com vontade, medo e latidos
para com aquele frango girando na padoca
de cadela banca a louca
e baba espuma branca pela boca
seca deste agosto.

domingo, 12 de junho de 2011

Soy Hedonista

Direitos divinos devem ao orgasmo,
Deveres humanos devem pleonasmo.
Ser não esta tal comparação,
Direitos humanos aos humanos
e só amor ao teu pet a filiação.

Humanos tão direitinhos, caminhos
com trilhinhos de bitolinhas
e ladrilhinhos tão estreitinhos...
Com medinho de amar ou de ter feridinhazinha de amor no coração...
Tudo perfeito e infantilizado
como uma realidade generalizada:
sem sal, à vacuo, ponta de gôndola.

Mesmo se quiseres sonhar acordado,
só te darão uma opção real de redenção:
insônia e aquela súmula ao pé sono.
Se orar e agir em Deus intencionado,
sem um sorriso cínico e áfono
no canto do beiço, será bem bobo e irresponsável.

Yo no creo en Dios. Soy hedonista.

domingo, 29 de maio de 2011

Descontínuo


Descontínua tudo igual.
Descortina o mesmo sol,
Desatina o ideal.

Sempre vazio e original,
Consciente e racional,
Descontínua tudo igual.

Descortina o mesmo sol
mesma lua, outro austral.
Descontínuo, é natural.