quarta-feira, 30 de novembro de 2011

A travessa

O que mais quero da vida
É mudar as pessoas
O que fazem, como são...
Comigo creio, fui eu quem mais mudei
Como um sinal de trânsito
Verde, amarelo, vermelho...
Verde de novo, quando é madrugada
E ninguém atravessa,
Nem a travessa
Avenida de feriado alagada,
E nada à travessa.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Compreende

Não há coisa mais humana que o paradoxo:
Certeza do que não se pode estar certo.
A razão dobra joelhos ante o sofrimento.

e chora... chora... pedindo só um tiquinho do porquê
numa fissura abstinente... e chora... chora...

O outro ontológico, a fraternidade coordenada
De quem nasceu no mesmo contexto a, b, c
No mesmo país, bairro, planeta, escola. Encontram-se,
Alteram-se por dias, por anos, na casa, na rua,
nas férias, quando há um tempinho to hang out
Aceno que sim com a cabeça mais grisalha, com os olhos
certos daquilo guardado no que há de memórias, amigo.

não chora, não chora... compreende, não vê?

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Litoral

Se onda não é relevante,
ninguém segue.
Se o coco não é refrescante,
ninguém bebe.

É que todo ano elas tem dezoito
e querem coito...
e que ainda penso no amor, no mar
como aquele com quem hoje me estranho:
ancioso, levando fora de oito...

O que me era ruim bebi com rum
E não, não jogo buraco
na casa de praia.
Nem quando chove, que saco!

Religião

É muito linda essa dona florida
Ela é linda demais, um mito, uma estrela.
Uma bela cognição, uma flor...
Compreendida, coletiva cadela,
Universal, cultural donzela:
Solução da sede, arroto da gula,
Fonemas e letras, desenhos e estátuas, relicários e anéis.
Assimilação que inclui e agrega quem nunca chega,
Em detrimento do comum e do costume faz guerra,
Nos privilégios de quem oferta a miséria
E não recebe covardia ante este seu lindo brilho tenaz,
Há quem alerte já ancestral e cego do preço do quarto,
Do tabu de olhar p´r´o sol sem respeito,
mas já é tarde e a pena divina que ardeu sua retina não volta,
E a morte não fora vencida pela matéria
E a vida ali perdida em longa adoração...
Ela é linda que cega, e ainda junta as moedas!
Puta e cafetina dos povos, gostosa cabaça, imoral .
Provoca, promete e não entrega... não salva, prega.