quinta-feira, 23 de maio de 2013

Reconheça-me

É só uma maré de sorte
e dinheiro não tem nada a ver
com merecimento, mesmo...
É caos, é regra, tempo e cimento,
água, traição, luxo e lamento.
Uma promessa no crédito
e muitas crenças no débito
e um fluxo piroclástico no aposento
que a maturidade cabisbaixa traga
poupança de Sancho Pança
inebriado, hálito etílico, desabilitado.

Mas não trará por certo
nada puro, limpo, sustentável ou capitalizado
Não há filtro certo, não evoluímos mais.
é o tempo: não crescemos depois de velhos,
nossos filhos vivem mais
que viveriam nossos pais,
conservados e vitoriosos de que
os desejos são constantes e nos adaptamos
a trocar nossa energia em relações
ostensivas e ofensivas com a fé
procurando qualquer sonho que se cumpre
porque já perdi a criança que dormia
e a realidade não ajuda explicar a existência
o sentido se dilui próximo aos limites objetivos
e a linha imaginaria, a border line
se apresenta para desalinhar meus pares,
sentir louco e sem identidade, calar.
o que me resta já não faz o que sonhara
tempo escorre, escorre e quebra minha cara.

Ginolatria Cardioclasta

O problema não é com as mulheres,
Problema é com a paixão.
As mulheres só acontecem de me apaixonarem,
mas é a paixão quem me viola.
Quem me expõe, pássaro canoro
cativo, fugido e liberto da gaiola...

Às mulheres só meu canto, meu sujeito,
É fera então que me devora.
As mulheres são imagens que projeto
das coisas que faltam em mim, ou não quis,
e preciso por desejo assim lacaniano.
A paixão é quem é real e objeta,
Quem faz o tempo, o verbo, a ginolatria cardioclasta.