segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Ex movere

Primeiro escrevo tudo
aquilo que me aflige.
Que traga cigarros,
que range dentes
quando tento sonhar.

Escrevo e encaro
como quem escarro
e mastigo quando tento,
como tento desejar.

Onde o real,
o concreto
se encontra
com o ideal?

É no corpo,
só no sentimento?
No sentido?
Do que se lembra?
E a vida?
Diga lá o que é, baby:
uma coleção de emoções?

Um chuveiro quebrado,
um bom negócio?
um pai que morre?
um filho?
presença e saudades da amada?
realizações profundas, sagradas?
e as sacrificadas?
eram menos profundas ou sagradas?

Como os mitos são forjados?
Uma liga de bronze fundido
rompe as carótidas de um cordeiro pensante.
Qual o drama? You missed the plot!
O ator tá morto no deserto.

Qual o drama do herói?
Representar a todos?
Sendo assim?
Escutando fantasmas?

Porque escrevo meus poemas
no meu caderno de informações profissionais?
Os fantasmas não eram nada
mais que o ranger dos meus próprios
dentes quando amanhecer.
Amanhã é segunda-feira,
ou daqui a pouco?

Releio, declaro
com beijo e phalo
que quero te amar.
Se eu quero que você me ame,
começo a te amar.

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