sexta-feira, 4 de abril de 2008

Custom-Capitalism vs. Capitalismo de Consumo



Olhei para a foto e esta foi a primeira coisa que veio à minha cabeça "custom capitalism". Sei muito bem que Capitalismo de Consumo é um termo científico e que ele deve englobar milhões de conceitos dentro de sociologia, economia e etc. Ainda em tempo, não sei se existe alguma tradução para o termo em inglês... ou se ele foi cunhado por algum francês que não é aceito na literatura anglo-saxônica.
Mas (!) uma coisa eu sei: a palavra custom, por forças culturais, quer dizer muito mais do que "consumo". Custom significa, antes, um hábito, uma prática, um modo de agir social. Custom é definitivamente um fato social. Numa consulta simples um dicionário online qualquer, como o Answers.com, podemos encontrar o seguinte:

Custom
noun
1. A habitual way of behaving: consuetude, habit, habitude, manner, practice, praxis, usage, usance, use, way, wont.
2. The commercial transactions of customers with a supplier: business, patronage, trade, traffic. See transactions.

adjective
1. Made according to the specifications of the buyer: custom-built, customized, custom-made, made-to-order, tailor-made.

O que queria explicitar é que o ato de consumir tem um significado muito mais complexo no léxico daqueles cuja língua-mãe é o inglês. Para nossotros, hablantes de português, creio que faria mais sentido o termo "Capitalismo de Costume" ou "Capitalismo sob medida", ao invés de "Capitalismo de Consumo". Consumo conota algo perjorativo em mim, algo descartável, destruidor, imoral e definitivamente estrangeiro. Já vi centenas de plaquinhas em estabelecimentos comerciais ingleses onde se lê "thanks for your custom", imagine aqui no Brasil... hahaha "Obrigado pelo seu consumo"? Muito politicamente incorreto para os meus super-padrões brasileiros de coisas politicamente incorretas. Acho que as padarias vão continuar com o famoso "Obrigado pela preferência", o que no final das contas acaba por ser um agradecimento ao hábito, ao costume daquela pessoa (tal qual o é na Inglaterra).

Esta foto, tirada por Sam Javanrouh em Toronto, tem muito mais sentido assim: Custom-Capitalism. Não desmerecendo o nome dado pelo fotógrafo, muito mais poético e descritivo ("The Fountain").

4 comentários:

Anônimo disse...

Antes de tudo...BELA FOTO MESMO!

Você tem razão Don, custom é uma coisa bem diferente do que chamamos de consumo. Porém imagine o problema lógico de um "capitalismo de costume".
Esse tal de costume é muito parecido com outra palavra que nada tem de capitalista que é a tradição. Ou seja, um capitalismo de costume é o capitalismo baseado no que permanece, o que seria uma contradição grande com a fluidez da lógica capitalista X.

Sim, capitalismo X! De consumo, liquido, tardio, pós-moderno. Não sabemos como defini-lo, nem tão pouco se ele existe! Se é só mais um pouco de capitalismo ou se é utro capitalismo.

Eu ainda prefiro a palavra consumo para definir nosso tempo. Mas eu troco o capitalismo e fico com o termo sociedade. Vivemos uma sociedade de consumo, não é a lógica do sistema de trocas materiais que tem que ser discutida. Mas o processo de trocas simbólicas em toda a sociedade e como as estratégias de consumo influenciam as estratégias de existencia.

Anônimo disse...

Sim!
Concordo com tudo o que você fala. Mas meu ponto principal era mostrar como é muito mais fácil ficar à vontade com o "consumo em si" se você for um "native english speaker".

Também prefiro sociedade de consumo, até pq acho bem perjorativo o que vivemos ultimamente :-P

Agora... em relação às trocas simbólicas... eh... vc sempre vê o problema no lugar mais difícil de resolver! hahaha

Anônimo disse...

Não acho que um "native english speaker" fique mais à vontade com o "consumo em si" do que os outros. Nem mesmo do que os portugueses. A transformação foi global...Lembre-se que esse mesmo "native english speaker" tinha como único projeto a acumulação de capital. Consumo não foi o centro (sim, era supérfulo e bobo muitas vezes) durante muito tempo. Só lembrando que consumo era "coisa de mulher", ou seja, relegado às mulheres dos burgueses, e porque? Porque não era a tarefa nobre nem a reconhecida socialmente como significante.
Ou seja, quando o cara diz: Obrigado por consumir, talvez ele esteja dizendo justamente o contrario do que você sugere!

Sim, adoro o lugar mais dificil, hahaha!

Anônimo disse...

Não acho que um "native english speaker" fique mais à vontade com o "consumo em si" do que os outros. Nem mesmo do que os portugueses. A transformação foi global...Lembre-se que esse mesmo "native english speaker" tinha como único projeto a acumulação de capital. Consumo não foi o centro (sim, era supérfulo e bobo muitas vezes) durante muito tempo. Só lembrando que consumo era "coisa de mulher", ou seja, relegado às mulheres dos burgueses, e porque? Porque não era a tarefa nobre nem a reconhecida socialmente como significante.
Ou seja, quando o cara diz: Obrigado por consumir, talvez ele esteja dizendo justamente o contrario do que você sugere!

Sim, adoro o lugar mais dificil, hahaha!