sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Pêssego

(Manoel de Barros)



Proust
Só de ouvir a voz de Albertine entrava em orgasmo.
Se diz que:
O olhar do voyeur tem condições de phalo
(possui o que vê).
Mas é pelo tato
Que a fonte do amor se abre.
Apalpar desabrocha o talo.
O tato é mais que o ver
É mais que o ouvir
É mais que o cheirar.
É pelo beijo que o amor se edifica.
É no calor da boca
Que o alarme da carne grita.
E se abre docemente
Como um pêssego de Deus.

*Foto de "WTL photos"

Nenhum comentário: